O cenário para as indústrias de colchões no Brasil, já pressionadas pela controversa taxa antidumping sobre o poliol, ficou ainda mais desafiador. No dia 16 de julho, a Covestro — uma das maiores fornecedoras globais de TDI — declarou força maior após um incêndio atingir sua principal unidade em Dormagen, na Alemanha. O incidente causou falhas no fornecimento de energia e nos sistemas de controle da planta, interrompendo totalmente a produção.
Com capacidade anual de 300 mil toneladas, essa fábrica é uma peça-chave na cadeia global de fornecimento de TDI — um componente químico essencial para a produção de espumas flexíveis de poliuretano, amplamente utilizadas em colchões, estofados, carpetes e embalagens. A empresa informou que, por ora, não há previsão para a retomada das operações.
Enquanto isso, o mercado reage. As ações da Wanhua Chemical Group — maior produtora mundial de TDI — subiram pelo terceiro dia consecutivo, impulsionadas pela interrupção na concorrente alemã e pela escalada nos preços da matéria-prima.
Na China, o valor do TDI chegou a US$ 2.217 por tonelada ao meio-dia da segunda-feira, 21, registrando alta de quase 7% em apenas um dia, segundo dados da consultoria Baiinfo. O aumento acumulado no ano já passa de 23%, com cinco dias consecutivos de elevação.
Sediada na província de Shandong, a Wanhua tem hoje uma capacidade anual de produção de 1,1 milhão de toneladas de TDI. Com a entrada em operação de uma nova unidade de 330 mil toneladas na província de Fujian, sua capacidade saltará para 1,4 milhão de toneladas por ano, com mais 360 mil previstas até 2026.
Segundo análise da Huatai Securities, a lacuna provocada pela parada na Covestro deve sustentar a valorização do TDI no curto prazo. Já no longo prazo, os altos custos de energia e trabalho na Europa tendem a favorecer uma retração de capacidade produtiva, abrindo espaço para o avanço de players asiáticos — especialmente os gigantes chineses como a Wanhua — no mercado global.
A Abicol acredita que a interrupção na produção de TDI na Europa agrava ainda mais o cenário para a indústria nacional de colchões, que já sofre com os efeitos da medida antidumping sobre o poliol. "O TDI, que representa de 35% a 40% da composição da espuma, é um dos principais insumos do setor. Com ambos pressionados — TDI e Poliol — os custos de produção disparam e, inevitavelmente, isso também reflete no preço final do colchão.”, alerta Adriana Pierini, diretora executiva da Abicol.
Fonte: Yicai Global