Atire a primeira pedra quem nunca se sentiu cansado durante uma viagem.
Embora, na teoria, viajar seja sinônimo de relaxar e recarregar as energias, na prática, cumprir itinerários sem deixar de visitar todos aqueles museus que você sempre quis conhecer pode se tornar uma missão árdua — mesmo de férias, sem as obrigações do dia a dia.
A boa notícia para os viajantes cansados é que a indústria do turismo do sono está crescendo como nunca.
De camas que custam uma verdadeira fortuna a chás naturais e essências aromatizantes que embalam os sonhos dos turistas, as principais bandeiras hoteleiras do mundo estão começando a investir na qualidade do sono de seus hóspedes.
O nicho vai muito além de camas macias e travesseiros alvos.
A indústria do turismo do sono se vende como uma espécie de oásis para os exaustos, um retiro onde se aprende a dormir bem — e entender a importância disso.
Camas, aromas e banhos
A Hästens, fabricante sueca de camas e colchões que é a queridinha dos super ricos, inaugurou em Portugal o primeiro spa do sono do mundo no ano passado.
São 15 suítes milimetricamente pensadas para que o hóspede alcance o sono perfeito. A estratégia para hipnotizar corpo e mente passa por isolamento acústico, jogo de luzes, cores e cheiros que induzem o sono.
Servindo como vitrine da marca, o hotel disponibiliza as camas e colchões top de linha, que custam até 200 mil euros.
A preocupação com o repouso dos hóspedes não fica restrita a hotéis spas especializados.
Algumas das bandeiras hoteleiras mais famosas dos Estados Unidos e Europa já consideram turismo do sono como mais um produto de seus portfólios.
Existem desde experiências relaxantes que duram apenas alguns dias, até suítes que foram totalmente repaginadas, destinadas a viajantes que desejam um sono estrategicamente pensada por profissionais.
O Park Hyatt de Nova York, que pertence a um dos maiores grupos hoteleiros do mundo, inaugurou no ano passado uma suíte modelo de sono reparador.
Chamado de Bryte Restorative Sleep Suite, o quarto de 270 metros quadrados é inteiramente pensado para o maior sossego possível do hóspede.
Os colchões da marca Bryte (do mesmo grupo dono do hotel) possuem 90 almofadas inteligentes que detectam, ajustam e aliviam os pontos de pressão e tensão do corpo de quem está dormindo.
O colchão também regula a temperatura corporal do hóspede para que ele não passe calor, e ainda disponibiliza um relatório completo da qualidade do sono direto no celular.
A diária na suíte do hotel de luxo parte de US$ 1.500, e mesmo assim o quarto sempre está ocupado.
Outras gigantes da hotelaria, principalmente de luxo, seguem o mesmo caminho.
Redes entraram no jogo (e tem até médico à disposição)
O Rosewood Hotels & Resorts lançou recentemente um retiro chamado Alquimia do Sono (Alchemy Sleep), disponível em 19 hotéis da rede.
Com pacotes de 2 ou 3 dias, o retiro incluí tratamentos como meditação, ioga, aromaterapia e até mesmo banho de piscina com água aquecida salgada.
O grupo Six Senses também possuí seu programa de bem-estar do sono em alguns hotéis da rede.
Para fugir da agitação de Ibiza, por exemplo, os viajantes podem escolher um tratamento de sono de até 7 dias.
O programa inclui uma consulta diária com um médico do sono residente da propriedade.
Em Londres, o Cadogan, do Belmond Hotel, disponibiliza um "concierge do sono", incluindo um serviço de meditação guiada antes de dormir e um "menu de almofadas", além de cobertor pesado, seleção de chás e névoa perfumada no quarto antes das luzes se apagarem.
Também na capital britânica, o Zedwell se destaca como primeiro hotel inglês focado no sono.
Por lá, "casulos" com isolamento acústico de ponta fazem parte da experiência, e aparelhos eletrônicos são proibidos no quarto.
O Browns, hotel mais antigo de Londres, adotou no final do ano passado o chamado "Forte Winks".
Na experiência de dois dias, os hóspedes recebem pijama de seda, máscara facial com infusão de lavanda e colônias calmante de travesseiro.
Segundo relatório do Global Wellness Institute, o turismo de bem-estar, que compreende o turismo do sono, deve faturar US$ 1,3 trilhão até 2025.
Mais exigentes do que antes da pandemia, os hóspedes querem mais motivos para fazer check-in num hotel. O sono é um deles.
(Com informações Bol Entretenimento)