Anuário de colchões 2022

158 Anuário de Colchões Brasil 2022 medidas para ali- viar o impacto da pandemia no setor, conseguiu zerar o imposto para a im- portação do TNT. Esta redução tem- porária inicialmente tinha validade até 30 de junho de 2021, em maio ela foi prorrogada até 31 de dezembro de 2021. E, apesar da boa notícia, essa redução não provo- cou efeitos no preço do colchão, porque todos os aumentos que estavam acontecendo simultanea- mente não permitiram. Além disso, como tudo o que é bom dura pouco, principalmente quando se trata do Poder Público, em agosto o Governo Federal voltou atrás e retirou a alíquota zero para importação de TNT utilizado no setor colchoeiro, passando a manter apenas a redução da alíquota para o TNT utilizado na fabricação de máscaras de proteção, como já era feito no ano anterior. A alíquota zero do imposto de importação, em- bora fosse temporária, aliviaria minimamente o setor que estava sofrendo com o desabasteci- mento do produto e tentando conviver com o aumento acumulado de mais de 200% nos preços praticados no Brasil. “Não chegou a acontecer o alívio esperado. Mas durante o breve período que vigorou, ocorreu uma queda no custo do TNT no Brasil, ou seja, algo se mostrou fora do normal”, relembra Rogério. “Como temos poucas produtoras desse insumo no Brasil elas estavam mantendo os preços nas alturas e com a volta da competitividade internacional elas precisaram baixar seus preços. Agora que o imposto voltou a ser cobrado, estamos novamente reféns da indús- tria nacional”, destaca Temponi. ABUSOS NO PREÇO DO AÇO Mas os desafios que 2021 trouxe em relação aos insumos não pararam aí. Mesmo com o preço do minério de ferro caindo ao longo do ano (em maio a tonelada no mercado chinês estava em US$ 233 e em agosto havia recuado para US$ 130), o preço do fio máquina, trefilado usado na confecção de molejos para colchões, não recuou um centavo nas siderúrgicas Gerdau e Belgo, as únicas fornecedoras deste tipo de aço no Bra- sil. “Isso aconteceu porque as empresas de aço estavam vendendo muito e conseguindo segurar e regular a produção e as vendas sem precisar de promoções. Enquanto a procura continuar alta e eles continuarem vendendo bem, os preços não vão diminuir”, afirma Temponi. Considerando o contexto e o potencial da produ- ção nacional do aço, não é difícil concluir que esse foi o insumo que teve o maior aumento acumula- do em 2021. “É provável que esse aumento seja consequência da ausência de políticas específicas para a proteção dos mais diversos setores da in- dústria nacional”, reflete Rogério. Em agosto deste ano, a exportação do minério de ferro atingiu US$ 5,69 bilhões, mais que o dobro do mesmo perío- do do ano passado. “As siderúrgicas brasileiras priorizaram as exportações e a indústria nacional literalmente pagou, ou tenta pagar quando conse- gue, o preço resultante desta política”, completa. No meio deste cenário estão os fabricantes de mo- lejos que, não podendo mais absorver os sucessivos aumentos dos preços do aço e do TNT, estão desen- volvendo produtos que levammenos matéria-prima em suas composições. Alguns apostam na redução da altura das molas, outros nas molas aparentes (sem o custo do TNT usado para ensacar as molas). E como não há nada tão ruim que não possa piorar, em agosto, duas fábricas de TDI, uma em Xangai e outra no Norte da China fecharam e, com isso, o preço desse item voltou a subir, tendo um aumento de 5,05% apenas na semana de 14 a 20 de agosto. E, para completar, um terminal no porto de Ningbo-Zhoushan, ao sul de Xangai, ficou fechado de 11 a 25 de agosto, depois que um funcionário testou positivo para Covid-19. Ou seja, se já não bastassem os obstáculos que o setor colchoeiro estava vivendo por conta dos reflexos da pandemia, ainda surgiram uma série de fatores externos para complicar ainda mais a situação. Aumento acumulado do TNT chegou a mais de 200% em 2021

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