Anuário de colchões 2022

163 Anuário de Colchões Brasil 2022 Por outro lado, surgiu uma onda de consumidores mais conscientes, especialmente quando o assun- to é dormir bem. Depois de tanto tempo em casa as pessoas passaram a ter um olhar mais atento em relação a seus quartos e a necessidade de ter conforto dentro de seus lares. Ou seja, de um lado vimos o mercado sem recursos e do outro consu- midores querendo comprar novos itens para casa. Esse cenário de consu- midores em busca de qualidade de vida atra- vés de produtos de valor agregado, em contraponto com a forte elevação do custo dos insumos que afeta a indústria, reflete em aumento expressivo no tíquete médio dos colchões. E, como se a situação já não fosse de- safiadora o bastante, 2021 também foi marcado pela perda de poder aquisitivo dos consumidores, intensificado pela alta da inflação. “Isso fez com que as pessoas precisassem optar por produtos que caibam no orçamento, aquém de seu objetivo pré-pandemia e, em vários casos, optando até pelo adiamento da compra”, conta Marco Antonio Prezia, diretor comercial da BekaertDeslee. Mas, afinal, quais os reflexos da soma de tudo isso no mercado? Consumidores com menor poder aquisitivo, mas querendo (e precisando) comprar, enquanto a indústria sofre com o preço dos insumos que está encarecendo o valor final dos produtos e dificul- tando as vendas, é uma nova realidade que paira sobre o Brasil, criando o fenômeno do downgrade. Em contraposição ao upgrade, termo muito usado para mostrar elevação no nível de um produto ou serviço, o downgrade consiste na mudança dos componentes habitualmente utilizados por simi- lares de menor custo. Essa tem sido a fórmula adotada por algumas indústrias de colchões para driblar os sucessivos aumentos no preço das ma- térias-primas e a ausência de componentes que desapareceram do mercado, a fim de conseguir oferecer preços menores aos consumidores. Nesse processo vemos o tamanho das molas diminuin- do, a quantidade de EPS aumentando, tecidos com menos fios, entre outras manobras que os fa- bricantes passaram a fazer para tentar diminuir os custos de produção. Mas será que é possível fazer isso sem perder a qualidade do produto? “No fenômeno do downgrade o buraco é fundo, isso porque uma marca diminui a qualidade e a outra reduz ainda mais. Ao invés da concorrência ser utilizada para estimular as indústrias a produ- zirem itens cada vez melhores, ela passa a fazer o contrário, e as marcas vão se afundando cada vez mais”, sentencia Charlene Vaz, diretora de marke- ting e design da Bekaert da América do Norte. Para Gustavo Lemos, presidente da Legget da América do Sul, essa é uma tendência do nosso mercado. “O que vemos é uma progressiva redu- ção na densidade de molas e uso de matéria-pri- ma. O desafio tem sido manter, ou pelo menos minimizar a perda de performance com essas reduções de custo”, comenta Lemos. “Existe uma pressão enorme das grandes varejistas para re- dução de preços. Isso faz com que os fabricantes de colchões procurem quase sempre opções mais baratas para conseguir reduzir seu tíquete médio. O fato é que isso faz com que o mercado se nivele por baixo”, completa o presidente da Legget. Buscar baixar o preço dos produtos sem perder a qualidade é uma tarefa bastante desafiadora. A Leggett, por exemplo, introduziu algumas inova- ções na geometria das suas molas, reduzindo o consumo de insumos sem perda de performance. “Obviamente isso tem um limite e acredito que já tenhamos chegado nele. Até seis anos atrás, o nosso molejo ensacado com a menor quantidade Marco Antonio Prezia, diretor Comercial da BekaertDeslee Fenômeno do downgrade terá consequências no mercado brasileiro em médio prazo

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